quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Amazonas

O mito das amazonas brasílicas é um dos mais antigos e mais difundidos mitos sobre o Novo Mundo, ainda que o nome “amazonas” não pertença ao contexto histórico e cultural das Américas. Desde o achamento, elas aparecem ilustrando as cartas náuticas e mapas como representantes do Novo Mundo e de seu universo de antigas civilizações, cidades perdidas e tesouros incalculáveis.

As amazonas gregas pertencem a um ciclo mitológico mais antigo, de quando as cidades gregas ainda prestavam vassalagem ao antigo poder de Creta; quando não era, ainda, uma potência econômica, política ou militar; do mesmo ciclo mitológico dos Titãs, antes da derrota para os Olímpicos.

O fim da Idade do Bronze trouxe o fim do império marítimo de Creta, o fim do Império Hitita, a invasão da Macedônia pelos dórios, o fim de Micenas e o começo da expansão grega pelo Mediterrâneo. Quando os gregos se estabeleceram na Jônia, o Império Hitita, sua cultura e religião fora obliterada, havia pelo menos, 500 anos. Nesse período, aproximadamente, se dá a Guerra de Tróia. Quando Homero descreve as amazonas na Ilíada, refere-se a elas como as sacerdotisas da deusa Hatti, a deusa-mãe dos hititas.

Sacerdotisa minóica. Creta, 1600 a. EC

As Amazonas já são citadas na Argonautika, onde diz que Jasão prudentemente evita entrar em combate com as sacerdotisas; aparecem também no ciclo de lendas de Hérakles, no Dodekathlos (duas vezes: No roubo do cinturão de Hippolyta e no roubo do Pomo das Hespérides). O Dodekathlos deveria ser posterior à Argonautika, já que Eurystheus soube do cinturão de Hippolyta através da história de Jasão, mas na verdade é anterior (!).

As amazonas gregas são descritas por Homero, na Ilíada. No livro VI, o troiano Glokos conta ao aqueu Diomedes como seu ancestral Belerofonte venceu as Amazonas que invadiam a Lícia. As Amazonas de Homero viviam em Themiskyra, junto ao rio Thermodon na Ásia Menor. A rainha das amazonas asiáticas, Penthesilea (que é irmã de Hippolyta), veio com outras onze amazonas ajudar os troianos contra os gregos. Morreu depois de desafiar Aquiles para um duelo, que depois passou as outras onze na espada. As doze foram sepultadas sob as muralhas de Tróia e seus machados de lâmina dupla foram um dos tesouros que os gregos trouxeram como espólio.

Labris minóico.

Segundo Diodoro Sículo, além das amazonas de Themiskyra, existiam amazonas no norte da África, na cidade de Hespera, às margens do mítico Lago Tritonis, que Diodoro e Heródoto alegam tem existido no Sahara. Essas amazonas conquistaram todo o norte da África expulsando os atlantes (sobreviventes do afundamento que colonizaram as vizinhanças do Monte Atlas) e lutando contra outra sociedade matriarcal africana, as Górgonas, lideradas pela rainha Gorgone.

O fim das invencíveis Amazonas, gregas, asiáticas ou africanas, assim como as Górgonas deu-se, segundo Diodoro Sículo pelas mão de Hérakles: "(...) Por fim, as Górgonas, juntamente com a raça das Amazonas, foram exterminadas por Hérakles durante sua expedição ao Ocidente, quando colocou uma coluna na Líbia; (...) pois Hérakles não podia admitir que existisse uma nação governada por mulheres."

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