quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Icamiabas

O primeiro relato sobre as amazonas americanas é o relato de Colombo, que descreve o encontro dos conquistadores com mulheres guerreiras nas Antilhas. Numa carta enviada ao tesoureiro da Coroa Espanhola, ele dá a notícia de uma ilha habitada somente por mulheres: "(...) e estas mulheres não se dedicam a trabalho algum próprio de sua natureza, pois usam o arco e a flecha".

As Icamiabas, as mulheres guerreiras conhecidas e temidas por quase todos os povos brasílicos, aparecem pela primeira vez no relato de Francisco de Orellana e do frei Gaspar de Carvajal: “Relacion del nuevo descubrimento del famoso rio Grande, que descubrió por muy gran ventura el capitán Francisco de Orellana, desde su nascimiento hasta salir a la mar”. Conta o frade que “íamos desta maneira caminhando e procurando um lugar aprazível para folgar e celebrar a festa do bem aventurado São João Batista, precursor de Cristo, e foi servindo a Deus que, dobrando uma ponta que o rio fazia, víssemos alvejando muitas e grandes aldeias ribeirinhas. Aqui demos de chofre na boa terra e senhorio das Amazonas (...)”

Quando aproaram numa aldeia de amerígenas adoradores do Sol, que chamaram de Chise (!), os exploradores deram com um grande ídolo de pedra que se encontrava no meio da praça da aldeia e que, ficaram sabendo, “era o emblema da grande e poderosa Senhora, que era a rainha de uma grande e poderosa nação de mulheres guerreiras.”

Orellana foi advertido de que poderia encontrar oposição quando penetrassem no território das Icamiabas, mas como não podiam fazer outra coisa a não ser continuar descendo o Amazonas (que foi nomeado por Carvajal, Rio Orellana), desmancharam o bergantim tosco que haviam construído no começo da viagem e construíram uma embarcação mais resistente, para que pudessem prosseguir.

Precisamente, na região entre a foz do Jamundá (ou Nhamundá) e a do Trombetas, a nau Victoria foi atacada por uma chuva de flechas. “(...) andamos nessa peleja por mais de uma hora, pois os índios não perdiam o ânimo, parecendo, pelo contrário, que o dobravam. Quero que se saiba qual foi a causa desses índios se defenderem daquela maneira. Deve-se saber que eles são tributários das Amazonas e, sabendo de nossa chegada, foram pedir-lhes socorro e vieram cerca de dez ou doze, e andavam elas lutando diante dos chefes índios de tal maneira, tão animosamente, que os índios não ousavam voltar as costas ao combate, pois os que voltavam diante de nós eram mortos a pauladas e esta é a causa de os índios se defenderem tanto.”

Icamiaba.

Carvajal descreve as Icamiabas como mulheres “altas, belas e robustas”, de pele clara e longos cabelos negros (e não loiras sem um seio), “(...) musculosas e andavam nuas inteiramente, tapando apenas o sexo e com arcos e flechas, guerreavam tanto quanto dez índios.”

O resultado do encontro: Cinco feridos, entre eles, o frei Gaspar de Carvajal, que teve um olho vazado. Esse foi o primeiro encontro documentado com as Icamiabas.

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